Ele é Rei e construiu o seu altar, onde eu, ah eu.
Eu entrei por amor, um sonho de Rainha que logo se quebrou com um:
Fica quieta, senão eu te bato!
O amor foi ficando dolorido, sofrido e mesmo que você mudasse como um vulcão eu já sabia que de onde eu entrei por amor, eu teria que sair pela dor de não suportar tanto sofrimento e desamor.
Eu entrei para as estáticas, mais uma Maria machucada que ou saia ou morria.
Sair? Sair como?
Toda vez que tento sair algo me obriga a ficar, mesmo sabendo que as setas indicam, siga em frente.
Se eu denunciar eu morro,e com ele? Com ele não acontece nada.
Já não durmo pensando:
Precisava fazer isso comigo?
Amanhã, será que ainda dá tempo?
Amanhã, será que ainda tenho coragem?
Eu não quero mais essa dor e culpa comigo, mais uma noite escura.
Quem ele pensa que é pra me tratar assim?
Me feriu dentro do seu castelo, do seu reino e eu estava sozinha e vulnerável, mas o dia amanheceu para essa Maria.
Se sofri sozinha, hoje sorrio em Alcateia, me curo em bando, com outras Marias.
Eu sou elas, elas sou eu.
Chegou a chance de mudar, seguir em frente e ser feliz.
E você agressor?
Pensou que tinha acabado comigo? Pensou que iria me silenciar?
Não! Hoje eu tenho voz e você tem medo de mim, e de todas as Marias que se libertaram e as que irão se libertar do seu ódio.
Texto inspirado na obra FÊMEA da Cia do Despejo.
Adriana Caeiro
Escritora e Terapeuta.
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